26/04/2022
Como podemos aprender a ser felizes? Essa é a pergunta que todos fazemos e, de alguma forma, é o que todos nós buscamos: ser felizes e sofrer menos.
No entanto, parece que há um equívoco ao acreditarmos que a solução está em eliminarmos as “emoções negativas”, consideradas por quase todos nós, como algo ruim, tóxico, amargo, desorganizador e que, portanto, devemos sempre evitar e desviar de tais emoções e apenas buscarmos as “emoções positivas”, isto é, aquelas consideradas como algo bom, saudável, doce e que nos levará de encontro a tão desejada felicidade.
Talvez seja importante entendermos um pouco mais sobre o conceito das emoções, que são expressas em nosso corpo todo, e especialmente nas expressões faciais, na nossa comunicação não-verbal, quando não é preciso utilizar palavras para expressar o que estamos vivenciando.
Alguns autores consideram as emoções básicas são aquelas que, independentemente da cultura, está presente em toda a espécie humana: alegria, tristeza, medo, nojo e raiva, e que todas as outras emoções seriam derivadas dessas. Outros autores ampliam essa lista de emoções básicas, incluindo: surpresa, repulsa, desprezo, vergonha e culpa.
Interessante notar que dessa lista de emoções, nós podemos considerar como “emoções negativas” a tristeza, medo, nojo, raiva, repulsa, desprezo, vergonha e culpa, e considerar apenas alegria e surpresa como “emoções positivas”. E pensando no processo evolutivo da espécie humana e na forma como nós sobrevivemos (matando os nossos predadores) e chegamos até aqui, podemos nos questionar sobre a verdadeira função que todas as emoções exercem na nossa capacidade de sobreviver, apesar do nosso corpo frágil. Por exemplo: Será que sentir medo nos preparou para lidarmos com os nossos inimigos e/ou predadores? Será que o nojo nos impediu de consumir algum alimento envenenado e/ou podre? Será que a raiva nos motivou e preparou para a batalha contra o inimigo? Será que a tristeza nos ajudou a enfrentar a perda de familiares e superar o luto? Será que a vergonha nos protegeu de cometermos algo inadequado? Será que a culpa nos levou a admitir o erro e buscar a reparação e a conciliação? Questões que estavam relacionadas à nossa sobrevivência e vida em sociedade dependiam dessas emoções, que combinadas, nos protegeu. Como então explicar que na atualidade nós queremos escolher quais emoções vivenciar? Na busca desenfreada pela felicidade, queremos só o amor: combinação de alegria com surpresa.
Essa escolha por escolher viver apenas as “emoções positivas” nos levou a experiência de uma “felicidade tóxica”, que vive a utopia de que podemos apenas vivenciar alegrias e bons momentos, através de conquistas e sucessos. Desta forma, a vida não é vivida em sua plenitude, na fluidez da própria natureza, que se mantém num equilíbrio dinâmico, num fluxo contínuo de dias e noites, de sol e lua, de chuva e vento, céu e mar.
É urgente compreender a função de todas as emoções, e de um corpo que nos comunica e nos alerta sobre o nosso ambiente (interno e externo) para encontrarmos a resposta mais adequada: correr, fugir, congelar, sorrir, gritar, chorar, abraçar, silenciar, enfim, aprender a aceitar as emoções, ao invés de fugir delas.
O Treino das Habilidades de Compaixão (THC) pode nos ensinar a agir com mais autocompaixão, trazendo esperança na possibilidade de sermos mais compassivos conosco e com os outros, buscando vivenciar todas as emoções como benéficas e sinalizando o que mais estamos precisando vivenciar no momento, se aprendermos a “ouvir” os nossos corações.
A compaixão é uma habilidade humana, que está dentro de todos nós, e que pode ser ativada, sendo apenas necessário treinar, treinar e treinar. Os vídeos do THC estão disponíveis no meu canal do YouTube para que todos possam aprender a viver a vida com mais leveza e serenidade, através desse treino.
Essa é a minha paixão e a minha profissão: ser psicóloga e espalhar a compaixão!
Por: Prof Lina Sue